Desde o primeiro caso confirmado do Covid-19 no Brasil, no dia 25 de fevereiro, a plataforma de monitoramento digital Torabit ativou o acompanhamento do tema nas redes sociais. Até as 11h do dia 13 de março foram analisadas quase dois milhões de menções sobre o que os brasileiros falaram sobre o novo coronavírus.
Entre os assuntos relacionados à doença, os temas ligados à saúde (prevenção, sintomas, tratamento e vacina) somam 41% do interesse dos usuários e aqueles ligados à economia totalizam 16%.
As citações sobre o tema tiveram seu pico na quinta-feira, dia 12 de março. A movimentação foi decorrente da repercussão da notícia de que o secretário de comunicação do governo federal, Fábio Wajngarten, havia sido contaminado (teste e contraprova deram positivos) e de sua consequência direta – tanto o presidente Jair Bolsonaro como seu anfitrião nos EUA, Donald Trump, poderiam ser vítimas do coronavírus em razão da proximidade mantida com Wajngarten durante os eventos oficiais (e, no caso de Bolsonaro, por ter viajado todo o tempo ao seu lado).
Além disso, outras notícias, como a repercussão da declaração de pandemia pela OMS, e o cancelamento de diversos eventos, também explicam o pico de menções na quinta-feira.
Os internautas do estado do Rio de Janeiro foram os que mais abordaram o assunto, com 26% das menções (o segundo estado com mais casos confirmados). Os paulistas vem na sequência com 21,6% de citações, seguidos de mineiros (8%), internautas do DF e do Paraná (com 4,7%, cada). Com volume significativo de menções ao Covid-19, há ainda RS (4,2%), PE (3,7%), SC (3,6%), BA (2,9%), ES (2,8%). Todas as demais unidades da Federação totalizaram 17,8% dos comentários sobre a nova ameaça à saúde pública.
As mulheres foram responsáveis por 52% das menções nas redes até o encerramento deste monitoramento.
As hashtags ligadas ao tema estão entre os assuntos mais falados no Twitter desde o dia 25 de fevereiro, aparecendo um total de 493 nos seus Trends Topics, sendo 129 vezes na primeira colocação. Entre os principais assuntos do Brasil, o tema apareceu 122 vezes. No mundo, foram 143 vezes.
Positivo, negativo e neutro
De maneira geral, os internautas têm demonstrado um bom nível de informação sobre o coronavírus. Dois terços (66%) das abordagens sobre o assunto foram neutras e indicam o compartilhamento de notícias e informações acerca do coronavírus, sem juízo de valor. As citações positivas, que buscam a conscientização sobre o risco e os cuidados sobre o coronavírus, totalizaram 18%.
Foi baixo o nível de menções consideradas negativas nas redes (15% do total). Esses posts, em geral, foram compostos de piadas, reclamações decorrentes do cancelamento de eventos ou de possíveis medidas de restrições, além de informações falsas.
O que as pessoas estão buscando na internet sobre o vírus?
As buscas no Google Trends Brasil sobre o Covid-19 referem-se, principalmente, aos sintomas e ao número de casos no Brasil e na Itália.
Ainda ganharam destaque pesquisas sobre celebridades contaminadas com o vírus, o termo “vacina” seguido por “resultado dos exames do presidente Bolsonaro”. Não faltaram buscas relacionadas a Cuba, Donald Trump e Itália.
Assuntos mais falados nas redes
Prevenção
As menções sobre prevenção trataram de hábitos básicos de higiene, como lavar as mãos e também sobre a correria para adquirir álcool em gel nas cidades.
A campanha das redes ‘Ninguém Solta a Mão de Ninguém’ ganhou a versão, em forma de piada: ‘Ninguém Segura a Mão de Ninguém’.
Sintomas/tratamentos
As menções relacionadas aos sintomas do coronavírus com informações sobre como o vírus se manifesta nos infectados e os posts a respeito do tratamento da doença (desde os casos mais simples até os mais graves, que necessitam de internação) somaram 9% cada um.
Vacina/fake news
Uma notícia fake, sobre vacina desenvolvida em Cuba para o Covid-19, fez com que políticos e influenciadores digitais compartilhassem conteúdos a respeito. Usuários também usarem a fake news para produzir piadas políticas com a frase “Vai para Cuba”.
Educação
As citações trataram principalmente do fechamento de escolas e de universidades pelo mundo. Os internautas compartilharam notícias do exterior para comentar a necessidade de medidas preventivas semelhantes serem adotadas no Brasil.
Eventos
O cancelamento de eventos como Lollapalooza, Coachella e turnês de diversos artistas repercutiu nas redes sociais. Destaque também para a fala do governador de São Paulo, João Dória, que disse não ser necessário cancelar eventos.
Mercado Financeiro
O impacto da pandemia na economia mundial recebeu atenção dos internautas – alta do dólar foi tratada em 6% do total de menções. Já a queda da Bolsa de Valores somou pouco mais de 4 mil comentários (0,2% do total).
Fake news
A desinformação compartilhada ficou para citações como o vírus não teria nenhuma gravidade e teorias da conspiração, como armas biológicas.
Quem está influenciando a conversa nas redes?
A conversa sobre coronavírus na rede está altamente difundida e muito difusa, sem um pequeno grupo de perfis que se destaque como “os” influenciadores acerca do tema. É o que mostra o grafo de conexões abaixo, em que cada ponto representa uma perfil que postou algo no período, e os traços mostram as interações entre estes perfis. Como é possível observar, não há grandes focos com concentração de interações no período analisado.
Ainda assim, é possível identificar alguns perfis que tem potencial a se tornarem grandes destaques: veículos de mídia (Estadão, G1, Folha e Uol Notícias), perfis oficiais como o do Ministério da Saúde (@minsaude), do presidente Jair Bolsonaro (@jairbolsonaro) e do ministro Henrique Mendetta (@ihmendetta), o influenciador Felipe Castanhari (@fecastanhari) e o de Guilherme Boulos (@guilhermeboulos).
Publicado no dia 15 de março de 2020